Olá =D

Este blog é uma obra literária livre, por enquanto. É um conjunto de contos e crônicas que englobam vários personagens e situações.
Literalmente é numa linguagem até que bem poética (alguns dos textos) outros de reflexão, mas a maioria é de pura e dura ação.

Essa obra foi inspirada nos velhos clássicos do cinema: The Godfather, Scarface e outras influências fora do gênero de crime organizado. Até porque, eu querendo ou não, sempre acabo por escrever coisas como praticamente roteiros mesmo.

Espero que a leitura seja agradável e desculpem pelos erros de gramática. Ainda estou tentando corrigir todos. Mas alguns são figuras de linguagem. 

LEIAM  os POSTS DE BAIXO PARA CIMA para seguir a linha de fatos e assim compreender o enredo. Mas se preferirem fazer uma rápida leitura solo. Fiquem à vontade.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Quando a Vida Acaba

25 de Dezembro de 1989, Em algum lugar de Moscou

Num apartamento qualquer em algum lugar da cidade,  onde a chama da calefação suprime por pouco a neve pesada, o gelo e o frio que fazia, como de costume. Mas seguindo o curso da brasa do vapor e fumaça do aquecedor chegamos à uma janela, fechada à sete cortinas, onde a vida paira para terminar. Um homem deitado na cama, uma mão envelhecida e cansada, um passado de sangue e quatro filhos aos pés da cama. O velho homem já desfalecido pelo tempo e pelo país, aquece seu último lençol, não à medicamentos para ele, nem para ninguém ali. Todos ali estavam destinados à perseguição do governo, “Que matem, e que morram. E que congelem suas lágrimas obscuras e subversivas ao sonho comunista” assim disse uma vez Slovan, antes de estar ali, como se um punhal  lhe desferisse um golpe letal e que o dilacerasse todo, seu pai estava ali, definhando, e ele sabia por que, ele sabia que a vida que ele escolheu, e que ensinou aos filhos o levou à aquilo. Não viver sóbrio, com o melhor do bom, com tudo que a carne insana humana desejaria tudo que ele desfrutou e herdou. Mataram, destruíram, assassinaram, para que? Para ver seu pai morrer de tuberculose enquanto eles fogem da polícia como ratos. E fecham-se os olhos de Slovan, durma ali e aceite o, que o seu pai escolheu, futuro que você escolheu o futuro de ninguém.

Mais sentido estava Caspian, ele não se preocupou em tirar conclusões melancólicas sobre qualquer coisa, ele estava ali, agarrado ao seu pai, em seus últimos pensamentos. Como se nada mais existisse, além dele e do pai. Como se os segundos fossem horas e minutos eternidades.

Mas ao lado dele, com a mão em seu ombro, e a outra sobre a perna de seu pai, como ele gostava de fazer quando menino, cá estava Ulano, com seu pequeno óculos de leitura no rosto como sempre, sua mãe está morta e seu pai vai estar em segundos, assim ecoava em Ulano naquele momento. E assim ele fala o que sempre quis dizer ao velho, mesmo que ele não responde, mas sabe que ele está ouvindo. Nada mais importa, apenas aquele momento e o afeto por baixo das capas e gelo.

Mas ali, do outro lado da cama, estava Tolinsk. Ele com as mãos no rosto, sente um peso gigantesco sendo colocado sobre seus ombros à cada respiração mais fraca de seu pai. Ele mal podia mostrar seus olhos vermelhos e encharcados ao ar, para não ver seu pai naquele estado. Mas ao mesmo tempo que ele sofria com aquilo, seu ódio e sua raiva eram multiplicados. Por que o maldito governo, o maldito país, o maldito mundo, deixa um gênio daquele, que já viveu como rei, que já criou muitas coisas, assim como destruiu e incendiou ,morrer como um porco perdido na neve. Ele via a vida de seu pai ser ceifada diante dele, e ele nada pode fazer, contra a KGB e seus tanques que se puseram à caçar-los, afinal, eles eram terroristas, matadores e bandidos, não merecem compreensão nem piedade, as vezes, ele pensa em abandonar essa vida e ser pastor nos Urais. Mas seu ofício da morte o persegue de forma tão doentia quanto um câncer. Mas ele agora não volta mais. Sua alma está corrompida.

E seu pai pede que abram a janela para ele ver e sentir a brisa Russa novamente, pela última vez.

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