13 de Agosto de 1991, Em algum lugar na Mongólia
"Tolinsk, não poderei comparecer à reunião como prometido, problemas surgiram aqui em Petersburgo. De seu irmão, Slovan"
Isto estava escrito num recorte de caderno meio amassado e borrado e sendo entregue nas mãos do destinatário, que estava muito feliz com o telegrama:
"Que porra é essa Dimitri! Que? Telegrama do Slovan?"
...
"A reunião é agora! E você vem me entregar essa droga só agora?"
Tolinsk enfia o papel dentro do bolso, pega a pistola em cima da mesa e sai da sala, entrando em outra sala mais escura ainda, num casebre aos pedaços, com neve e lobos entrando pelos buracos. Ele entra na outra sala, ao fechar a porta meio quilo de poeira cai no chão, que aliás é de terra batida. Ele resmunga algo sobre a casa e sobre o quanto o cara que arrumou ela era um filho de alguma desgraça. E ele, mais uma vez, senta numa cadeira rangedora de madeira, ao lado de um encapuzado, ele tira o capuz do coitado. Era um chinês, ou melhor, era um membro da tríade, uma das máfias mais antigas do mundo. Ele devia ser filho de algum graúdo de Hong Kong.
Tolinsk faz mais algumas perguntas para ele, um tradutor devidamente confiável estava ali prestando serviço. Mas naquele ponto, a família suspeitava até de tradutores tercerizados, por isso Tolinsk chamou um amigo da região para ser o tradutor do tradutor. Ou melhor, fiscal. Mas o que importa é que ele não perdia a chance de fazer perguntas debochadas como sobre o tamanho de certos lugares, se aproveitando do atordoado e histérico chinês. O que arrancava gargalhadas dos guardinhas sentados na sala porque o coitado do asiático começava à falar e berrar um "bocado de merda", segundo mesmo o tradutor nem entendia e dizia que era simplesmente merda.
Enfim, o que Tolinsk e os Dragunov queriam mesmo com aquele infeliz, era arrancar um pouco de grana dos chineses, além de sangue e fatias de seu couro cuidadosamente cortados com um descascador de batata ali em cima na mesa. Já que os Dragunov não eram tão conhecidos, a rússia cobria com panos pretos o que acontecia ali dentro, e mesmo assim, eles não tinham mais senso de perigo. O que causava certos impaces dentro da organização, por questionamentos de ordens absurdas e ousadas, que incrívelmente dão certo. Como por exemplo esta, de sequestrar o filho de um dos chefões da máfia chinesa bem ao lado da China. Mas como já disseram, as vezes o mais óbvio é o melhor caminho, por ser óbvio e perigoso, ninguém espera que alguém o pegue. Em alguns casos, as vítimas ficam tão assustadas com a ousadia dos sequestradores que nem imagina que seja um grupo criminoso emergente.
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